segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Aceitar a Jesus?

Os crentes me dizem que eu devo abrir meu coração a Jesus, que devo buscá-lo com fé, dar uma chance a ele. Quando digo que tentei isto por 40 anos, eles respondem que eu não fui sincero, que não me esforcei, que não fiz direito. E eles nem me conhecem…

Alguns citam a história do mestre que segurou a cabeça do discípulo debaixo d’água enquanto este se debatia e depois lhe disse: “Você deve procurar a Deus com a mesma ânsia que procurou pelo ar”.

Eu pergunto:

  1. E se Deus não existir? E se estivermos procurando no escuro por um gato preto que não está lá?
  2. E se Deus não quiser se revelar a nós ou apenas a alguns de nós?
  3. A qual deus devo buscar? Por que os crentes pressupõem, como se fosse óbvio, que é o deles que eu vou encontrar?
  4. Por quanto tempo devo esperar por uma resposta de cada deus antes de tentar o próximo?
  5. O que eles querem dizer com “buscar com intensidade, de coração”? Qual é o método? Será que me falta a capacidade de auto-ilusão que eles têm? Será que se eu me esforçar bastante volto a acreditar até em Papai Noel?
  6. Por que Deus complica as coisas e se esconde de nós? Por que, supostamente, ele só se revela a quem já decidiu que ele existe? Se Deus realmente quer nos dizer alguma coisa, por que não se dirige a cada um de nós, sem intermediários, de forma clara e explícita? Por que temos que implorar por sua atenção?
  7. Como é possível decidir “aceitar a Jesus” se não acreditamos nele? Não seria mais lógico que Deus nos aparecesse e só então acreditássemos? Será que os crentes não vêem o absurdo de “primeiro acreditar e só então ver as provas”?
  8. Como distinguir a manifestação de Deus da de uma outra entidade? Como saber que é o deus da Bíblia e não o de outra religião? Ou o diabo? Ou algum extra-terrestre poderoso?
  9. Por que devo acreditar nos que me dizem ter “encontrado Jesus”? Que provas eles têm a me apresentar além do relato de “sentimentos” que podem não passar de alucinações ou ilusões auto-induzidas?
  10. Por que os crentes sempre me abordam com um ar superior de quem traz uma revelação auto-evidente, diante da qual eu deveria cair de quatro e louvar o Senhor? Por que ficam tão irritados quando insisto em achar defeito e sugerir outras possibilidades, em exigir provas? Por que eles não enxergam a própria arrogância?
  11. Como eles podem dizer que eu “rejeitei a Deus”, que eu “troquei Deus pelos prazeres do mundo” ou que eu estou “revoltado com Deus” se eu não acredito nele? Será que eu poderia me revoltar contra o Saci-Pererê?

Os crentes se fecham de tal maneira em seu limitado mundinho, sua visão estreita e suas explicações simplistas que não conseguem conceber que alguém pense diferente sem estar “rejeitando a Deus”. Não conseguem conceber que o mundo não gira em torno do cristianismo e que 2/3 da humanidade estão pouco se lixando para seu precioso “Jesus”.

Quando questionados, se irritam e se assustam. Lembram-me as crianças que, ao perceberem que não têm argumentos, tampam os ouvidos e gritam: “Não estou ouvindo, não estou ouvindo!”. Eles são como R. R. Soares, chacoalhando a Bíblia diante das câmeras: “Se não está aqui, para mim não existe”.

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