domingo, 4 de novembro de 2007

A falácia do macaco escritor

Um dos argumentos preferidos dos crentes é que o criacionismo é a UNICA explicação (ou seu filhote "ok-estavamos-errados-mas-nem-por-isso-v
amos-ser-racionais-e-dar o-braço-a-torcer", vulgo Design Inteligente) plausivel para a vida devido a explicação de que esperar que tudo se organizasse "do nada" seria o mesmo que esperar que um romance resultasse de uma explosão em uma tipografia.

Qualquer um que saiba colocar um pé na frente do outro e caminhar pode apontar uma duzia de erros nessa FALACIA, mas como crentes parecem não se enquadrar nessa categoria (o que é um caso estranho por si só, não é como se eles fossem fisicamente incapazes de pensar e de fato alguns deles tem idéias realmente brilhantes em varias areas), vamos explicar a coisa com o conto dos macacos escritores.

Achei recentemente um livrinho interessante chamado Human Destiny (1949, Signet Book, Nova Yourk, traduzido do orininal La destinée humaine, 1947) do matemático e biofísico francês Pierre Lecomte du Noüy, nascido em Paris (1883) e morto em Nova York (1947). Ele foi membro associado (1920-1927) do Instituto Rockfeller em Nova York e Chefe de Serviços no Instituto Pasteur, Paris (1927-1936). Pierre Noüy intitulou o Cap. 3 de “Probabilidades – Uma Aplicação das Leis do Acaso – Moléculas Protéicas – Acaso apenas não pode Permitir o Nascimento da Vida”.

Depois de explicar algumas questões básicas quanto às chances em moedas e dados, ele estabelece que a probabilidade de uma única molécula de alta dissimetria se formar pelo acaso em condições de agitação térmica normais seria de 10^243 bilhões de anos, e portanto muito mais tempo do que 10^9 anos, que seria o tempo que o planeta Terra teve nessas condições.

O editor da Scientific American diz que o argumento criacionista tem sido: “Matematicamente é inconcebível que qualquer coisa tão complexa como uma proteína, e nem pensar uma célula viva ou um humano, possa surgir por acaso” E RESPONDE (a seguir, uma livre adaptação minha) : O acaso tem apenas uma parte do papel na evolução, que não depende dele para criar organismos, proteínas ou outras entidades.

Bem ao contrário: a Seleção Natural põe um cabresto nos eventos aleatórios ao preservar caracteres adaptativos (desejáveis) e eliminar os não adaptativos.

Simplificando um pouco: realmente é matematicamente impossível a vida ter surgido do acaso, isso é um fato. Só que outro fato, igualmente importante que os crentes convenientemente parecem nunca lembrar é que a seleção natural é tão importante quanto e faz um trabalho tão ou mais eficaz que aleatoriedade.

Voltando ao editor, eEle também faz alguns cálculos matemáticos ao propor:

Considere uma seqüência (Shakespeariana) com 13 letras formando algo lógico ‘TOBEORNOTTOBE’.

Quais as chances de um macaco produzir essa frase ? Bem, se considerarmos hipoteticamente um milhão de macacos, cada um montando com as 13 letras uma frase a cada segundo, precisaríamos esperar pelas chances que a ‘obra’ estivesse pronta depois de 78.800 anos. Realmente, matematicamente impossivel algo como uma proteina se organizar mesmo que o universo tivesse bilhões e bilhões de anos a mais. Um organismo complexo? Pff, nem em trilhões de anos de aleatoriedade.

MAS, vejam bem porque aqui é onde entra toda a questão, MAS... ele salienta que em 1980 o professor Richard Hardison do Glendale College, escreveu um programinha de computador que gerava frases aleatoriamente e ‘que preservava a posição de cada letra que calhasse de estar na posição correta’. E o resultado foi que a ‘obra’ ficou pronta, em média, com apenas 336 interações, ou seja, em menos de 90 segundos. E mais impressionante, toda a obra de Shakespeare pode ser reconstruída em apenas 4,5 dias.

Seleção natural, crentes.
Crentes, seleção natural.
Vamos lá, não sejam tímidos, tenho certeza que vocês tem muito em comum.

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